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CEFET-MG

Diretora-geral Carla Chamon fala sobre desafios e perspectivas

Quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

“Uma Instituição mais igualitária, inclusiva e representativa”

No dia 24 de outubro, o ministro da Educação, Camilo Santana, nomeou a professora Carla Simone Chamon diretora-geral do CEFET-MG de 2023 a 2027. Eleita pela comunidade escolar em 29 de junho, ela será a primeira mulher a gerir a Instituição. O Diagrama conversou com a professora sobre os desafios e as perspectivas para os próximos quatro anos. 

Em 113 anos, esta é a primeira vez que o CEFET-MG elege uma mulher para a Diretoria-Geral. O que, na sua opinião, como diretora-geral eleita e historiadora da educação tecnológica e profissional, representa tal feito e quais os impactos disso? 

Historicamente, as mulheres foram marginalizadas e sub-representadas em posições de poder, o que limitou suas oportunidades e capacidade de influenciar na tomada de decisões que afetam suas vidas. Entretanto, nos últimos anos, o movimento por igualdade de gênero tem ganhado cada vez mais espaço e possibilitado a presença das mulheres em posições de liderança. Para mim, é um enorme orgulho fazer parte desse momento da vida institucional e ter sido eleita a primeira diretora-geral do CEFET-MG. Esse é um marco significativo e um passo importante rumo a uma Instituição mais igualitária, inclusiva e representativa. Sinaliza um compromisso com a igualdade de gênero e a promoção de oportunidades iguais para mulheres em cargos de liderança, enviando uma mensagem importante para toda a comunidade acadêmica e encorajando a participação ativa das mulheres em todos os níveis. A diversidade de gênero na liderança vem acompanhada da diversidade de perspectivas e abordagens que podem enriquecer a tomada de decisão.

Os últimos anos das instituições federais de ensino público como um todo têm sido difíceis do ponto de vista político-econômico, sobretudo por conta da redução orçamentária e da desvalorização do conhecimento científico. Quais os desafios você espera enfrentar e como contornar estas e outras questões conjunturais? 

As instituições federais de ensino público tiveram que enfrentar um cenário bastante adverso. Vivemos um período de redução drástica no orçamento, de desvalorização do papel das instituições de ensino, de ataques e de deslegitimação da ciência. Conjuntura agravada pelos efeitos devastadores da covid-19. Hoje, assistimos a uma reafirmação da centralidade da educação, ciência e tecnologia como vetores imprescindíveis para o desenvolvimento do país e a construção de uma sociedade melhor. Isso nos dá esperanças de tempos melhores. No entanto, sabemos que temos muitos desafios, a começar pela recomposição orçamentária. As instituições federais de ensino público são patrimônio nacional e são fundamentais para a construção do nosso país. E isso demanda investimento. Investimento não só para a manutenção das nossas instituições, mas para ampliação do ensino, da pesquisa e da extensão de excelência e com compromisso social. Essa questão vai demandar da gestão um trabalho conjunto com a Andifes [Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior] e o Conif [Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica], de sensibilização do governo federal. Além disso, sem abrir mão da defesa da necessidade do financiamento público, buscaremos parcerias com setores sociais que nos auxiliem na realização dos nossos objetivos institucionais. Vamos também precisar ter uma gestão eficiente dos recursos, priorizando programas e projetos essenciais para nossa vida acadêmica, sem perder de vista a necessidade de modernizar e consolidar a infraestrutura de todos os campi

Durante a campanha, sua chapa se pautou em um discurso de uma gestão democrática, transparente e aberta ao diálogo, propondo-se a trabalhar em conjunto e em sintonia com a comunidade e os órgãos colegiados. De que maneira e por quais meios você acredita que seja possível estabelecer essa postura no dia a dia de trabalho? 

Em primeiro lugar, penso que é preciso manter altos padrões éticos e de integridade na administração, de modo a construir a confiança da comunidade. Em segundo lugar, é preciso também aprimorar a escuta, melhorar o fluxo de informações e ampliar o debate. Isso pode ser feito por meio de práticas que aproximem a gestão da comunidade e promovam uma participação mais efetiva em torno das questões essenciais da Instituição. Além de fortalecer nossos órgãos colegiados e fóruns institucionais, vamos adotar ações permanentes de comunicação com a comunidade e manter canal aberto de diálogo com estudantes, docentes e técnicos administrativos. Estamos falando de manter reuniões públicas e regulares com os setores da comunidade, em todos os campi, tanto para ouvir contribuições, quanto para apresentar nossas propostas de gestão. 

Quais os desafios e as perspectivas para cada um dos níveis de ensino do CEFET-MG: educação profissional e tecnológica, graduação e pós-graduação? 

Primeiramente, queremos fortalecer o conceito de que uma instituição tecnológica não se faz só com tecnologia. Nesse sentido, estamos dispostos a ampliar as atividades como as de arte e cultura e as esportivas, de forma a integrá-las ao nosso processo formativo. Em segundo lugar, fazer entender que o ensino não se faz só em sala de aula. Nesse caso, o foco é ampliar as possibilidades de atividades para os estudantes, aproveitando a infraestrutura dos nossos campi. Nesses dois casos, pretendemos tornar nosso cotidiano acadêmico mais diverso e atrativo para toda a comunidade, o que, no caso dos estudantes, pode nos ajudar a combater a retenção e evasão e ampliar a captação de alunos. Na EPTNM, um dos maiores desafios é a manutenção do alto padrão de ensino, o que faz dela o pilar da nossa estrutura de ensino verticalizada. Isto se dará, por exemplo, com a valorização das ações de pesquisa e extensão nesse nível de ensino, ampliando os programas já existentes de monitorias, BIC-JR e extensão, e incentivando a participação estudantil na META, NEAC, em olimpíadas, competições e premiações. Na graduação, temos o desafio de consolidar os cursos implantados recentemente tanto em termos de quadro de pessoal, quanto de melhoria da infraestrutura; temos o desafio maior de curricularizar a extensão em todos os cursos, aliando essa exigência ao atendimento de necessidades específicas das comunidades nas quais o CEFET-MG está inserido. Além disso, temos que enfrentar o problema da evasão, problema multifatorial, que não é só nosso e que tem preocupado as instituições federais de ensino de uma maneira geral. Na pós-graduação, precisamos incentivar a formação de programas de pós-graduação em rede, nas áreas básicas e tecnológicas, aumentando oportunidades para docentes de todos os campi e apoiar os programas de pós-graduação para elevação do conceito CAPES.

Acesse a edição completa no site da Secretaria de Comunicação Social (SECOM).

Coordenação de Jornalismo e Conteúdo – SECOM / CEFET-MG